O movimento wesleyano se fortaleceu principalmente pela forma como a devoção pessoal era alimentada e ampliada a adoração congregacional. Mas esse fato teve início nos encontros do Clube Santo, um grupo de jovens na Universidade de Oxford, que se reunia diariamente para conversar sobre suas ocupações e estudos, iniciando com uma oração e terminando com um lanche simples. Em um contexto universitário, onde reinava a incredulidade e o relaxamento dos bons costumes, a relação fraternal entre estes jovens destacava-se, e o próprio termo foi designado de maneira pejorativa por outros grupos. Aceita-se comumente que foi a partir da regularidade deste grupo que surgiu o termo "metodistas".
Após o início efetivo do movimento metodista, a partir de 1738, Carlos Wesley, que de fato começara o Clube Santo, organizou o processo de devoção e adoração congregacional. Enquanto João cuidava da explanação sistemática da pregação, Carlos compunha os hinos que dariam qualidade devocional às reuniões, sem perder de vista a teologia e a base bíblica dos mesmos.
A espiritualidade metodista desenvolvida no tempo de Wesley pode ser considerada um salmo de louvor pela livre graça de Deus, proclamada em alguns hinos, e conseqüência da experiência de Wesley em 1738 sendo adotada por milhares de homens e mulheres. Uniu autoridades de Oxford e os piores criminosos. Aboliu qualquer distinção das virtudes humanas, ou dos vícios. Afinal, "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Criminosos condenados em Newgate tiveram maior esperança da salvação que o perdão humano pode dar a eles. Assim, o miserável que rouba seu patrão pôde descobrir que ninguém além do Filho de Deus nasceu para sofrer e morrer por ele.
"Cante a fé até obtê-la"
O êxtase - derramar especial da presença de Deus - do movimento era igualmente expresso e definido em hinos. Era algo inseparável da devoção metodista. Os termos do hinário descreviam a jornada da alma. Os hinos levavam ao reconhecimento das grandezas de Deus na religião, a bondade de Deus, morte, julgamento, céu, terra. A religião exterior e interior eram então descritas, seguidas de orações para penitência.
Existem hinos para os que lamentam pelo pecado e desejavam o novo nascimento, abandonando toda apostasia e desejando crescer para completa redenção. Por fim, o hinário continha hinos para a Sociedade, para encontros, ações de graças, orações, despedidas.
A influência dos hinos no metodismo não pode ser exagerada. Eles deram à devoção uma qualidade lírica. Eles pertencem a uma dimensão além da simples razão e fixavam nas mentes dos cantores conceitos de fé, doutrina e experiência inalcançáveis pelo simples raciocínio. Através dos hinos, entende-se que as questões do mistério de Deus em nós é revelada, ficando disponível para a compreensão, mesmo das pessoas mais simples. Os hinos eram usados na devoção pessoal, bem como na adoração congregacional.
Alguns hinos de Wesley eram próximos, pessoais e profundos para uma congregação diversificada, embora a atitude de Wesley possa ter sido "cante a fé até obtê-la". Enquanto o cantar dos hinos fez a própria espiritualidade dos metodistas, gravadas nos corações, como prosa sem música não poderia fazê-lo.
Carlos Wesley compôs mais de 6.500 hinos, dentre os quais, 500 continuam a ser cantados. Além disso, a família manteve a tradição musical de hinos sacros para a Igreja.
Os Wesley, românticos, cuja obra tem significado especial para a música sacra. Charles Wesley (1757-1843), sobrinho de John Wesley, era organista e cravista, tendo também composto vários antemas para coro e orquestra, ou coro e órgão. Seu irmão, Samuel Wesley (1766-1837), deixou-nos quatro missas, trinta motetos de quatro a oito vozes, os oratórios "Ruth" e "A morte de Abel", "Ode para o Dia de Santa Cecília", em ais de 600 hinos e salmos. Seu filho, Samuel Sebastian Wesley (1810-1876), também se dedicou à música para a Igreja Anglicana. Compôs 25 antemas para coro sem acompanhamento, três salmos e vários hinos.
Os hinos no movimento Wesleyano foram importantes para marcar a espiritualidade do grupo, não havendo pretensão de definir a teologia do movimento. Esta era definida pela pregação da Palavra,que consistia na exposição sistemática dos fundamentos doutrinários defendidas por Wesley.
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