Os primeiros cristãos ou eram
judeus ou eram
gentios convertidos ao
judaísmo, conhecidos pelos historiadores como
judeus-cristãos5 . Tradicionalmente, o
Cornélio, o Centurião, é considerado o primeiro gentio convertido
6 .
Paulo de Tarso, depois de sua conversão ao cristianismo, reivindicou o título de
Apóstolo dos Gentios7 . Até ao final do
século I, o cristianismo começou a ser reconhecido interna e externamente, como uma
religião separada do
judaísmo rabínico8 .
Ressurreição[editar]
Ao que parece, nem todos os
apóstolos estavam de acordo em relação aos eventos, e é certo que
Paulo criou uma verdadeira
teologia da ressurreição a partir de reflexões muito particulares. Dentro da crença protestante, Paulo seria grandemente inspirado pelo
Espírito Santo, sendo portanto seus ensinamentos legitimos na fé. De toda forma, mesmo que não possamos determinar exatamente o que se passou na
ressurreição, a crença no retorno de
Jesus foi essencial para modelar o cristianismo primitivo.
20
Os Apóstolos[editar]

Pedro em ícone do século VI
Não existem informações suficientes nos documentos históricos sobre como funcionava a condução das primeiras comunidades cristãs. Embora um oficio correspondente ao
sacerdócio posterior possa ser identificado, é difícil estabelecer como se organizava e como funcionava, por exemplo, se era ou não hierarquizado. Os apóstolos, "enviados" em grego, eram certamente os líderes proeminentes nessas comunidades.
Pedro foi, sem dúvida, o apóstolo mais influente nos primeiros tempos, mas
Tiago,
Paulo e
João também tiveram um papel importante no estabelecimento do primeiro cristianismo.
Comunidades[editar]
De acordo com o livro dos
Atos dos Apóstolos foram cerca de três mil fiéis que se reuniram em torno de
Pedro após o
Pentecostes. De acordo com
Atos 2:43-47, todos os fiéis usufruíam de seus bens em conjunto e haviam coletivizado a posse das coisas. Os relatos não deixam dúvidas de que os primeiros cristãos se encontravam nos
templos judaicos, e é provável que se reunissem para comer.
Pode-se indagar até que ponto essa descrição das primeiras comunidades, realizada anos depois, não tenha sido demasiado idealizada
[carece de fontes]. As passagens de Atos responsáveis por caracterizar os primeiros cristãos influenciaram o surgimento de diversas irmandades religiosas na
Idade Média, como os
franciscanos[carece de fontes].
Em
Jerusalém, as comunidades se expandiram rapidamente. O termo "
igreja", que queria dizer reunião, era frequentemente empregado pelos primeiros cristãos. No começo, parece que Pedro liderou as decisões da
igreja de Jerusalém.
Atos nos fala da nomeação de uma comissão de sete, provavelmente os primeiros correspondentes dos posteriores
presbíteros.
22 O primeiro
mártir cristão,
Estêvão, morreu apedrejado, o que provavelmente culminou com a primeira dispersão dos fiéis a partir da
Palestina para
Damasco,
Cesareia,
Chipre e
Antioquia. Uma perseguição levada a cabo por
Herodes Agripa I (sucessor de
Herodes, o Grande) por volta do ano 44 teve resultados semelhantes, contando inclusive com a dispersão dos apóstolos.
Tiago se tornou líder da igreja em
Jerusalém com a saída de
Pedro,
23 24mas foi morto e decapitado cerca de 20 anos depois. As
Guerras Judaicas coroaram essa sucessão de dispersões dos cristãos pelo Império.
Antioquia, capital da
Síria, logo se tornou o principal foco cristão do Império.
Os primeiros cristãos acreditavam na
ressurreição de Cristo e no seu retorno ainda em sua geração, de acordo com o que dizia a passagem de
Marcos 13:30. Paulo, por exemplo, acreditava que o retorno de Jesus Cristo aconteceria ainda durante sua vida, como indica uma passagem em
I Tessalonicenses 4:16-18).
25
O emprego do termo "
Senhor" para se referir a Jesus nos primeiros anos do cristianismo indicava uma vinculação íntima com Deus, uma vez que esse termo tinha um peso específico para o contexto da época
[carece de fontes].
Debates e noções teológicas[editar]
As primeiras discordâncias entre os cristãos diziam respeito à questão dos cristãos
hebreus e os cristãos
helenistas. Com efeito, uma questão que se coloca após a morte de Cristo é se o gentio poderia ser diretamente convertido ao cristianismo ou se deveria antes se tornar
judeu. Como sabemos pelos livros de Atos e pelas
cartas de Paulo, além das fontes romanas, o cristianismo estava se difundindo rapidamente pelo território do
Império Romano, o que significava que grandes somas de não-cristãos estavam sendo convertidos nessa época. Por essa razão, o tema era de extrema importância para o
proselitismo cristão. Ora,
Pedro diz em Atos que Deus lhe havia demonstrado que o profano poderia se tornar sagrado e afirmou que a verdade poderia ser revelada aos
romanos não[judeus. Esse debate culminou com o
Concílio de Jerusalém (
ca. 40), do qual participaram
Paulo,
Tiago, o Justo e Pedro, no qual se decidiu que os gentios não deveriam ser convertidos ao judaísmo antes de se tornarem cristãos. No entanto, nos escapa a verdadeira dimensão desse debate: a posição de Tiago, que parecia ser pró-judaísmo, ia radicalmente contra a de Paulo, que defendia a conversão direta do gentio. Paulo reserva grande parte de sua
carta aos gálatas para discutir essa questão. Relatos parecem demonstrar que Pedro sofreu influência de Tiago, adotando mais tarde uma posição pro-judaísmo (vide
Incidente em Antioquia)
27 .

imagem de São Paulo por El Greco
Quanto Paulo], alguns
[quem?] dizem que seus textos constituem uma
teologia à parte. É certo que as preocupações dos escritos dele não encontram paralelos em outros escritos cristãos e suas idéias nem sempre estão de acordo com o que pregaram os outros apóstolos
[carece de fontes].
Em relação à natureza do Filho, Paulo associava Cristo à sabedoria e à inteligência divinas, uma espécie de desenvolvimento do conceito pagão de
Logos. Para Paulo, Cristo era a "sabedoria de Deus" (
I Coríntios 2:10-11). Paulo acreditava que o Cristo salvador estava prenhe de divindade (
Colossenses 2:9). O universo era centrado nele, uma vez que tudo havia sido criado por ele e por meio dele (
Colossenses 1:16)
28 .
Evangelhos e Cristo[editar]
No evangelho de João encontra-se uma passagem que tem sido interpretada muitas vezes como base da teoria da
Encarnação de Jesus (
João 1 1:14). Essa era a teoria segundo a qual Jesus Cristo não teria sido simplesmente um ser humano, mas metafisicamente ligado a Deus. É provável que alguns dos primeiros cristãos tivessem radicalizado essa visão, a ponto de considerar
Cristo como unicamente divin] (partilhando apenas a substância divina) e com uma aparência humana. Essa crença foi chamada de
docetismo. Um famoso
docetista do
século II foi
Valentino29 .
Difusão e entrada no Império Romano[editar]

Pedro e Paulo confrontam
Simão Magodiante de
Nero em afresco florentino
O cristianismo passou a se diferenciar marcadamente do judaísmo quando, por volta do ano de 90, surgiu o
judaísmo rabínico após a destruição do
Segundo Templo.
O termo "religião das
catacumbas" foi utilizado para caracterizar a perseguição dos cristãos durante os impérios de
Nero,
Tito,
Domiciano, etc. Pedro e Paulo provavelmente morreram durante as primeiras perseguições, mas pouco se sabe sobre isso (veja
Papado (Cristianismo primitivo)). Durante essa época,
símbolos cristãos foram desenvolvidos para comunicar secretamente as questões da fé. As conversões eram realizadas nas cidades, e o termo
pagão, derivado do
latim paganus ("camponês"),
30 é provavelmente derivado do fato de que a maior parte dos não convertidos durante o auge da difusão cristã eram os camponeses.
Com o crescimento das comunidades cristãs em
Roma cresce também o número de críticos. Um filósofo chamado
Celsus escreveu um livro chamado "A doutrina verdadeira" no qual criticava as práticas cristãs e Jesus Cristo. Os intelectuais cristãos no império, como
Clemente de Alexandria (ca. 150 - ca. 215) e
Justino Mártir, além de
Orígenes (ca. 185 - ca. 254), rebateram as críticas pagãs e desenvolveram a teologia cristã. As piores perseguições aos líderes cristãos ocorreram no século II e III (entre 303 e 305 d.C), sendo que as últimas foram conduzidas por
Diocleciano (veja
Perseguições de Diocleciano) e
Galério.
Catecumenato[editar]
No
Império Romano surgiram os
catecúmenos (em grego, ensinamento oral), que recebiam o conhecimento cristão transmitido oralmente de geração em geração. Haviam exigências para que um gentio pudesse ser batizado, como o
jejum e a
oração. O catecumenato só era aberto àqueles que não tinham profissões incompatíveis com a nova fé, como os comandantes militares, prostitutas e adivinhos. Haviam manuscritos para o ensinamento de catecúmenos, que se baseavam em perguntas sobre a
fé e orações. Era comum que o
batismo fosse retardado. Essa prática tinha por base, possivelmente, os ensinamentos de
Paulo (Romanos 6:3). Acreditava-se que a falta após o
batismo não era perdoada, o que fazia com que todos preferissem se batizar já no fim da vida, visando se redimir dos
pecados.
Sacerdotes e ritos[editar]
No ano 321, o imperador
Constantino promulga uma lei ordenando que todos descansem no dia do sol
domingo, dia da semana que substituiu o
sábado como dia santo apoiado na razão da
ressurreição de Cristo. Esse dia era guardado por todos os cristãos. A
eucaristia era celebrada no
domingo, e nas quartas e sextas-feiras os cristãos deveriam jejuar. Leituras, orações e penitências eram realizadas como parte das celebrações litúrgicas.
Nessa época, os cristãos passaram a utilizar códigos para expressar mensagens de fé, como o
peixe (em grego ikhtos), a
pomba (
Espírito Santo) e a
fênix (ressurreição). Os enterramentos eram realizados em catacumbas, pois os cristãos preferiam os enterramentos à cremação, uma vez que acreditavam na
ressurreição dos mortos.
Sexualidade[editar]
O mundo cristão, ao contrário do romano, era extremamente austero. Acreditava-se que o cristão deveria ter um coração "simples" em oposição ao coração "duplo". Isso quer dizer que o coração cristão deveria estar voltado apenas à comunidade e a
Deus, sem espaço para os amores privados, cuja manifestação maior era o
sexo. Por estas razões, o
sexo era desencorajado entre os primeiros cristãos, embora não fosse proibido, desde que realizado para a
reprodução. Apenas a
monogamia era aceita. Os sacerdotes não eram, igualmente, proibidos de manter relações amorosas ou de casar, mas o comportamento do cristão exemplar evitava o coração duplo.
31
Sabemos que
Estêvão foi o primeiro de uma série de mártires cristãos. As perseguições aos cristãos levadas a cabo por líderes romanos foram essenciais para estabelecer no
Cristianismo a tradição do culto aos
mártires. Os cristãos perseguidos, torturados e mortos pelos romanos por terem professado a fé de
Cristo eram respeitados como figuras sagradas. No
século II, essa prática era extremamente popular, e era comum que se comemorasse o dia de morte de um
mártir. Durante os primeiros anos do cristianismo se popularizaram as noções de santidade e as relíquia dos mártires. Em outras palavras, os mártires eram tidos como
santos, que de acordo com o pai da igreja
São Jerônimo "não calam quando mortos", mas "apenas dormem", e das partes de seus corpos se faziam relíquias, às quais eram creditados poderes mágicos. Os relatos das vidas e mortes de santos parecem ter começado nessa época, conhecidos por
hagiografias.
O mundo romano influenciou as idéias cristãs de várias maneiras. Em primeiro lugar, o
neoplatonismo, idéia de que os elementos do mundo material seriam hierarquicamente inferiores aos do mundo espiritual, se integrou perfeitamente à
filosofia cristã. O
estoicismo foi outra
filosofia (muitas vezes funcionando como religião) que influenciou o pensamento cristão. Os estóicos eram austeros, e acreditavam na
virtude e na moral como elementos essenciais na vida. Suas crenças se fundam na indiferença e afastamento das coisas mundanas.
32
Pensamento teológico[editar]
Os
Pais da Igreja foram importantes para fundar as bases do pensamento teológico cristão. Suas filosofias foram influenciadas pela filosofia e pelas religiões helenísticas.
Justino, um importante fundador da teologia cristã helenística, argumentava sobre as questões religiosas com base no
Logos, uma espécie de princípio ordenador do mundo já existente entre os estóicos. De acordo com Justino
"Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do qual participa todo o gênero humano" (Justino - Apol. Prima, 46).
Inácio de Antioquia foi o primeiro a se valer da
glossolalia. Em oposição aos
docetistas, ele desenvolveu a idéia de que Cristo teria tido uma dimensão humana e outra divina. O Novo Testamento nunca explicitou qual seria a substância de Cristo, e parece que os primeiros cristãos preferiram se afastar desse tema, embora tenham sugerido inúmeras vezes a ligação íntima entre o messias e Deus. Inácio estava convencido, contudo, que Cristo partilhava da substância divina, idéia que posteriormente ajudaria a construir a noção de
Trindade. Como escreveu Inácio,
Cristo seria
"Deus e Homem, em uma só essência".
Orígenes conciliava a idéia de Logos e a revelação cristã. Para ele, as Escrituras Sagradas continham o caminho para a iluminação, mas não eram facilmente interpretadas e não podiam ser compreendidas em sentido literal. Para Orígenes, aqueles que tentavam interpretar as escrituras de forma literal eram ignorantes, uma vez que o próprio Jesus apenas havia iluminado seus últimos discípulos na subida à colina (Marcos 9). As escrituras eram limitadas por sua realidade histórica.
| “ | Deus criou o gênero humano para a comunicação e a comunhão de uns com os outros, como ele, que começou a repartir do seu e a todos os homens proveu seu Logos comum, e tudo fez por todos. Logo tudo é comum, e não pretendam os ricos ter mais que os outros. | ” |
| |
— Da homilia Quis dives salvetur? ("Que rico se salvará?"), baseada em Marcos 10:17-31, Clemente de Alexandria
|
.
Irineu defendeu a importância do mundo material, a humanidade de Cristo e a continuidade do cristianismo no judaísmo histórico. Também dizia que a igreja de Roma havia sido fundada por Paulo e Pedro, e portanto tinha autoridade primária.
Irineu foi um dos líderes eclesiásticos mais importantes no século II. Bispo de Lyon, Irineu publicou uma obra chamada
Contra as Heresias, na qual criticava o
ebionismo, o
montanismo e o
gnosticismo. Irineu acreditava que o homem carregava o pecado original de
Adão, mas que este havia sido perdoado na ressurreição de
Cristo. De acordo com o teólogo,
Cristo havia restaurado a condição humana de semelhança em relação ao criador. Da mesma forma,
Maria havia restaurado a condição feminina ideal, uma vez que
Eva tinha caído em tentação. Assim como
Paulo, Irineu acreditava no breve retorno de
Cristo. Até lá, o homem deveria manter a obediência à moral cristã, uma vez que fora a desobediência responsável por sua queda.
Tertuliano foi estudante de
Direito e conhecedor de
filosofia,
letras e
história. Ele afirmava o cristianismo como uma nova
lei, sob a qual se colocava o fiel após o batismo. O batismo, segundo ele, redimia os pecados anteriores do cristão. Na visão de Tertuliano, a
Igreja é a única responsável por interpretar as
Escrituras, conduzir a comunidade e decidir sobre assuntos de fé (teológicos). Tertuliano também acreditava que o homem deveria punir a si mesmo se quisesse buscar sua
salvação pela graça. Em relação à natureza do
Filho, Tertuliano assumiu uma concepção que se tornaria a oficial, segundo a qual
"Todos [Pai, Filho e Espírito Santo] são um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três, Pai, Filho e Espírito Santo; três, contudo,… não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aparência, pois eles são de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo" (
Contra Práxeas). Desta forma,
Jesus era caracterizado como tendo uma dupla natureza, humana e divina, e o Filho, assim como o Espírito Santo, como emanações da divindade maior, o Deus Pai.
33
A retórica de
Cipriano de Cartago foi essencial para a organização da
Igreja antiga. Ele acreditava na unidade da
Igreja, assim como Deus era uno. Essa idéia seria transferida à
Idade Média, cujos teólogos e pensadores políticos defenderiam a unidade de um poder temporal (Império Universal) e a unidade de um poder espiritual (Igreja Universal ou, como se dizia em grego,
Católica), sempre em analogia à unidade de Deus. Cipriano admite que os bispos fazem a unidade da igreja, e que são responsáveis por conduzi-la. Dizia que Roma era a igreja principal, vinculada às missões de
Pedro, que era tido como o modelo de bispo. Embora apontasse o aspecto principal da
Sé Romana, Cipriano não chegou a desenvolver uma teoria sobre a autoridade de
Roma sobre as outras sedes apostólicas, que só se consolidaria séculos depois.
É difícil estabelecer o que seriam as
heresias nessa época. Tertuliano e Irineu, que representavam a voz da "
ortodoxia" em formação, criticavam noções presentes no
gnosticismo, uma heresia surgida nos primeiros séculos do
cristianismo. Influenciados pelo
zoroastrismo e o
platonismo, os
gnósticos defendiam a supremacia absoluta do mundo espiritual em relação ao material e a existência de um Deus mau (
Demiurgo) responsável por todas as coisas ruins do mundo. Além disso, dividiam o mundo espiritual em vários estágios controlados por muitas deidades menores (
arcontes). Outras heresias, como o
ebionismo, defendiam que apenas os judeus poderiam se tornar cristãos, e que o cristianismo existia como parte do
Judaísmo.
Marcião, um teólogo antigo, defendia que o
Deus do Antigo Testamento era cruel, ao contrário do Deus do
Novo Testamento.
Montanismo era o nome pejorativo atribuído a um movimento religioso surgido a partir do Cristianismo na
Ásia Menor.
Montano, o fundador do movimento, era um cristão que pensava ter recebido uma missão divina por [[revelação divina{revelação]] poucos anos após a pregação de
Cristo. Segundo sua revelação, Montano seria o sucessor apostólico autêntico responsável por conduzir as comunidades cristãs após
Cristo. Os montanistas não acreditavam no perdão dos pecados após o
batismo e eram muito mais severos que os cristãos comuns.
34
[Imagem:Codex Vaticanus B, 2Thess. 3,11-18, Hebr. 1,1-2,2.jpg|thumb|left|250px|Códice Vaticano]] O
Novo Testamento como conhecemos hoje foi estabelecido apenas no século IV d.C. Isso não quer dizer que os pais da igreja não utilizassem manuscritos antigos dos evangelhos e as cartas de paulo para dar base a suas teorias. Apesar de alguns estudiosos apontarem Irineu como o responsável por atribuir a autoria dos quatro evangelhos canônicos, é inegável, que o cristianismo primitivo sempre aceitou tais evangelhos como escritos pelos seus próprios autores tradicionais, visto conhecê-los.
35 . Ao contrário do que ocorreu com os
evangelhos apócrifos, os quais foram escritos de forma anônima a parti do século II. Apesar disso, as atribuições de Irineu, sejam elas apenas confirmatórias ou não, são admitidas até os dias de hoje. As
cartas de Paulo eram utilizadas entre os primeiros teólogos, assim como as cartas de
Clemente I,
de Barnabé, Pedro, João e o
Pastor de Hermas.
Atanásio de Alexandria foi o primeiro a escrever a relação dos 27 livros canônicos do Novo Testamento, excluindo alguns dos documentos que eram utilizados nas igrejas antigas. O
Concílio de Hipona aprovou essa relação.
O
Antigo Testamento foi adotado a partir de uma tradução para o grego de escrituras hebraicas antigas chamada de
Septuaginta. Entre os judeus, a
Septuaginta era tida como uma tradução não muito segura. O cânon
judeu estabelecido pelo
Concílio de Jamnia não correspondia aos livros da
Septuaginta, que tinha livros a mais (veja
Tanakh). Os papas
Dâmaso I e
Inocêncio Ideterminaram que esses livros extras seriam definitivamente associados ao
Antigo Testamento no século V. Mas é importante notar que profecias como a de Malaquias (Malaquias 4:5-6),
36 com a qual termina o Antigo Testamento cristão, por exemplo, não constituem o Antigo testamento hebraico, que terminaria em 2Crônicas 36:23..
37
No século IV d.C. houve muita controvérsia em relação à autoria do
livro do Apocalipse. Como, a princío, ele tinha sido creditado a João, muitos o incluíram no conjunto do Novo Testamento, mas
Dionísio o Grande, ao comparar o livro com o evangelho de João, chegou à conclusão de que a origem do livro não era verídica (conclusão da qual partilham muitos críticos contemporâneos da bíblia).
A Conversão de Constantino[editar]
Um dos fatos mais importantes da
História do Cristianismo foi a conversão do
Imperador Constantino no século IV ao cristianismo, e as implicações dessa conversão para o futuro do Império. Eusébio de Cesareia, biógrafo do imperador, nos legou uma história de sua vida, na qual afirmava que Constantino teria visto uma manifestação sagrada pouco antes de sua
Batalha da Ponte Mílvia em 312 d.C. contra seu rival
Magêncio. Esse fato, aliado à vitória contra
Licínio, fez com que o César se convertesse à fé cristã.
É inegável que a conversão de Constantino é um evento inesperado e de difícil explicação. Embora o
cristianismo tenha se difundido imensamente em seus primeiros anos, ele não representava nenhuma porção significante do Império e, em
Roma, pode-se dizer que havia cerca de apenas 30 mil cristãos. Além disso, Constantino não veio da parte
Oriental do Império, onde o cristianismo tinha mais força.
Todos esses fatores apontam para uma
conversão de Constantino profundamente arraigada no elemento religioso. O sentimento de que era ajudado pelo
Senhor Jesus Cristo certamente fez com que Constantino abdicasse do
paganismo para aceitar a nova religião cristã. Alguns autores preferem pensar em Constantino como um brilhante maquinador político, que teria assumido a fé cristã tendo por fito proezas políticas. Não obstante, como foi dito, o
cristianismo era pouco influente e o mais provável é que tivesse trazido grandes problemas para o imperador, ao contrário de benefícios de ordem administrativa. A
fé de
Constantino é atestada por medidas como a proibição dos
sacrifícios aos deuses nas cerimônias oficiais (330), a inscrição do nome do
Cristo nos escudos dos soldados, a inscrição de símbolos cristãos nas moedas imperiais, a proibição de que suas imagens fossem mantidas em
templos pagãos e a sua interferência nas querelas das igrejas, com o
Primeiro Concílio de Niceia (25 de julho de 325).
Édito de Milão[editar]
O Édito de Milão foi uma lei promulgada pelo imperador
Constantino, em fevereiro de 313, que garantia a liberdade de crença. Esse
Édito garantia que todos os súditos do império teriam o direito de professar suas fés livremente mas, na prática, o imperador perseguiu muitas práticas religiosas não-cristãs e não-ortodoxas, como o judaísmo, o arianismo e até mesmo práticas pagãs. A sua promulgação está, indubitavelmente, associada à vitória do imperador sobre
Magêncio no ano anterior.
Concílio de Niceia[editar]
No concílio, a doutrina ensinada por
Ário e seus seguidores foi condenada como herética, iniciando mais de um século da chamada
controvérsia ariana.
No Concílio de Niceia também se decidiu, pela primeira vez de forma clara, sobre a organização das igrejas de forma hierárquica, e sobre a ordenação dos padres e bispos.
A Igreja primitiva[editar]
O termo
Igreja Primitiva é utilizado para se referir à um período histórico do
cristianismo e da
Igreja Católica38 entre
30 -
325 d.C. O termo Igreja Primitiva refere-se a instituição e cristianismo primitivo às suas doutrinas. Neste período a Igreja estava engajada em diversas discussões acerca dos conceitos cristãos
39 . Inicialmente cinco cidades surgiram como importantes centros da igreja:
Roma,
Jerusalém,
Antioquia,
Alexandria e
Constantinopla.
A expressão "Igreja" (com I maiúsculo), se refere à Igreja como um todo, "igreja" (com i minúsculo) se refere às comunidades de fé locais
40 , essa distinção deve ser feita porque na Igreja Primitiva existia total unidade entre os cristãos como uma única Igreja Católica (que é Universal em grego), mas para se referir às comunidades cristãs locais se usa também o termo "igreja", como por exemplos as igrejas de
Jerusalém,
Roma e etc. A unidade da Igreja é comprovada já em
Atos dos Apóstolos, no episódio do
Concílio de Jerusalém, pois a
igreja de Antioquia, de Corinto, de Éfeso mesmo estando separadas geograficamente, não são independentes, tendo de acatar a decisão do concílio como uma só Igreja.
História da instituição[editar]
A Igreja Primitiva passou a se nomear
Católica (que significa "Universal"), ainda no
século I d.C., o termo foi utilizado pela primeira vez pelo
Bispo Inácio41 de
Antioquia , discípulo do apóstolo
João, que provavelmente foi ordenado pelo próprio
Pedro,
42 alguns historiadores sugerem que os próprios apóstolos poderiam ter utilizado o termo para descrever a Igreja.
42 O termo Católica invoca o princípio de que desde o começo a Igreja foi universal, aberta aos
gentios, em
200 o termo já era comumente utilizado.
Referências
- ↑ GAARDER, Jostein et al. O livro das Religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, pág. 165;
- ↑ LINDBERG, Carter. Uma Breve História do Cristianismo. São Paulo, Loyola, 2008, págs. 46-48;
- ↑ PACKER, J.I. Et al. A Igreja Primitiva in O mundo do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2006, pág. 141;
- ↑ Gálatas 2:9
- ↑ SHELLEY, Bruce. O período de Jesus e dos Apóstolos in História do Cristianismo ao Alcance de Todos. São Paulo: Shedd Publicações, 2004, págs. 16 e 17;
- ↑ Atos 10:1 e seguintes
- ↑ Atos 13:47
- ↑ GAARDER, Jostein et al. O livro das Religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, págs. 191 e 192;
- ↑ SHELLEY, Bruce. A Escolha dos Livros Bíblicos in História do Cristianismo ao Alcance de Todos. São Paulo: Shedd Publicações, 2004, págs. 66 e 67;
- ↑ TIMM, Alberto. Do Sábado para o Domingo inO sábado na Bíblia. Tatuí: CPB, 2010;
- ↑ DURANT, Will. Caesar and Christ. New York: Simon and Schuster, 1972;
- ↑ Virginia Burrus (1989). Late Ancient Christianity.
- ↑ CARSON, D.A. et al. Atos in Introdução ao Novo Testamento. São Paulo, Nova VIda, 1997;
- ↑ [1], " E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús (Lucas 24:13)"
- ↑ [2], "E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado (mateus 28:16-17)"
- ↑ [3], "E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.. (Mateus 28:9)"
- ↑ [4], "E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. (João 20:14)"
- ↑ [5], "Lucas 24"
- ↑ [6], "(1Coríntios 15)"
- ↑ Adrian Hastings. A World History of Christianity.
- ↑ [7], "Pentecostes"
- ↑ Atos 6:1-6)"
- ↑ Gálatas 1:19 - Gálatas 2:9
- ↑ Atos 21:18
- ↑ Veja uma discussão mais aprofundada em Paulo de Tarso#Atribuição de suas obras
- ↑ Henry Chadwick (2006). Studies on ancient Christianity.
- ↑ Peter and Paul, apostles: an account of the early years of the Church. Isidore O'Brien, 1950.
- ↑ Paul Johnson (2005). History Of Christianity.
- ↑ [8], definição anti-docetista do docetismo
- ↑ wikt:paganus, "etimologia de paganus"
- ↑ [9], "VEYNE, Paul. A History of Private Life:From pagan Rome to Byzantium"
- ↑ [10], "Estoicismo"
- ↑ Wikipedia.en. Diversity in early Christian theology.
- ↑ Wikipedia.en. Early Christianity.
- ↑ KENT, Grenville e RONDIONOFF, Philip. O Código Da Vinci e a Bíblia. Tatuí: CPB, 2006. pág. 54 e 55.
- ↑ [11], "(Malaquias 4:5-6)"
- ↑ [12], "(2Crônicas 36:23)"
- ↑ J. Derek Holmes. História da Igreja Católica. Edições 70. 2006. ISBN 972441261X.
- ↑ Uma Breve História do Mundo. Geoffrey Blainey. Editora Fundamento. ISBN 85-88350-77-7.
- ↑ Notas explicativas da Bíblia conforme traduzida por João Ferreira de Almeida, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (1994/1995).
- ↑ An Introduction to Christianity (2004). Página visitada em 18 Nov 2008.
- ↑ a b RAY, Stephen. Upon this Rock. San Francisco, CA: Ignatius Press, 1999. p.119.
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