Este dito popular reflete uma crença presente em
nossa cultura, em nosso pensamento, em nosso agir. Crença nem sempre tem um
sentido religioso. Uma crença é também um conjunto de valores que temos. Está
impregnado na nossa alma. Faz parte de nosso caráter até.
Há crenças que nos limitam (crença limitante) e há
crenças que nos ajudam, que nos fazem crescer. “A fruta nunca cai longe do pé”
é uma crença limitante ou uma crença que nos ajuda?
As duas coisas. E pode ser dois tipos ao mesmo
tempo? Depende de como a interpretamos.
Normalmente a gente cita este dito quando queremos
elogiar alguém. Se os pais de alguém foram pessoas de boa índole, pessoas que
se esforçaram em contribuir com a sociedade. Se foram pessoas que não viveram
apenas para si. Mas viveram para desenvolver e melhorar uma localidade, uma
instituição. E se seus filhos seguem o mesmo exemplo, então dizemos: “É, a
fruta nunca cai longe do pé”. Então estamos valorizando antepassados. E estamos
também elogiando pessoas, sinalizando que elas estão no caminho certo. Seus
pais fizeram um bom trabalho.
Mas tem um outro lado.
Também citamos o mesmo dito se alguém nasce em
família humilde e continua humilde. Justificamos: “Seus pais eram pobres e eles
continuam pobres. Não saiu nada que presta!” Se os pais não tiveram estudo e os
filhos não tiveram incentivo para estudar, justificamos novamente o dito. Se
alguém vem de família de má índole, já ficamos com o “pé atrás”. Já logo
desconfiamos da pessoa, não lhe damos nenhum crédito. A pergunta é: “A fruta
não cai longe do pé” pode excluir pessoas, tirar-lhes qualquer chance de
melhorarem e melhorarem-se?
Um dito pode condenar alguém. Pode não dar a chance
de alguém mudar sua vida. Pode justificar uma situação negativa. Pode tirar as
forças de alguém lutar pelo melhor. Pode excluir. Pode limitar.
Cuidado com o que se acredita. Pois podemos parar de
acreditar no Brasil. Justificar falcatruas. Pode nos fazer tirar a chance de
alguém melhorar e com isso mudar o mundo, o seu mundo. Pode limitar até nós
mesmos, tirar-nos a chance de evoluirmos. E o que resta sem a esperança do
melhor?
Acredite em si mesmo... Acredite no próximo, por
antecipação... Pensa nisso...
Ezequiel Schacht, Pastor na
Comunidade Evangélica Martim Lutero em Canudos/Novo Hamburgo.
Compartilhe !
0 comentários:
Postar um comentário