Heber Campos Jr. 13 de Agosto de 2012 - Apologética
Em 1737, Jonathan Edwards escreveu que "neste tempo [referindo-se ao
outono de 1737] começou um grande ruído, nesta parte do país, a respeito
do Arminianismo, que se parecia com um aspecto muito ameaçador com
respeito ao interesse da religião."1Geralmente, "Arminianismo" era um nome da Nova Inglaterra para uma espécie de religião que aparece em todos os tempos e lugares da igreja, e tem sido outras vezes conhecido como "semi-Pelagianismo", "sinergismo".2
Os arminianos lutam para sustentar uma espécie de liberdade humana que pode igualmente, e com o mesmo poder, rejeitar ou aceitar a misericórdia de Deus, oferecida em Jesus Cristo.
A Nova Inglaterra, por muito tempo, ficou consistentemente calvinista devido à forte influência dos puritanos, ao menos até o tempo dos grandes reavivamentos no tempo de Jonathan Edwards (1734 e 1740). Todavia, a despeito da influência dos despertamentos espirituais, começou a existir uma ação penetrante do Iluminismo europeu em alguns setores religiosos da Nova Inglaterra. Smith escreve sobre o dilúvio de influência que haveria de mudar algumas coisas na igreja da Nova Inglaterra.
Dentro da Inglaterra os elementos do Iluminismo tinham penetrado em ambos, no pensamento não-conformista e no anglicano, por todo o século dezessete. No começo do século dezoito, as tendências arianas, socinianas e pelagianas tinham todas ganho considerável raiz. Por causa do crescente contato comercial e cultural entre Boston e Londres, a parte oriental de Massachusetts foi diretamente exposta aos modos do pensamento liberal. Os dois ingleses liberais que se tornaram influentes naquela região foram Daniel Whitby (1638-1726) e John Taylor (1694-1761).3 Além deles, Thomas Chub, foi um terceiro nome importante nas controvérsias antropológicas com Edwards.
Por volta de 1740 o Arminianismo tinha prevalecido tanto em Harvard como em Yale entre os professores.4
Vejamos alguns expoentes do Arminianismo no tempo de Edwards:
John Taylor (1694-1761)
Taylor começou a rejeitar a idéia do pecado original e eventualmente escreveu seu tratado Scripture-doctrine of Original Sin.5
Taylor era contra a imputação do pecado
Nesse tratado ele atacou bíblica e filosoficamente essa doutrina cardeal do pensamento calvinista. Suas palavras são muito fortes contra a imputação do pecado original. Ele escreve:
Taylor tinha uma visão superficial do pecado
O debate entre Taylor e Edwards foi sobre a idéia da necessidade. Smith afirma que:
Era dessa maneira superficial e distorcida que Taylor via a doutrina do pecado original no arminianismo de sua época. Edwards lutou contra Taylor para preservar a verdadeira doutrina calvinista sobre o pecado: (1) Adão foi tornado o cabeça federal da raça; (2) seu pecado foi imputado à sua progênie; (3) a corrupção da natureza visitou a totalidade da raça; (4) o pecado atual é uma consequência. Esta era a doutrina da "imputação imediata" que teve muita importância na teologia Reformada subsequente.
Daniel Whitby (1638-1726)
Whitby, o principal objeto da crítica de Edwards, expressava grande insatisfação com a doutrina do pecado original e considerava inaceitável a idéia da imputação defendida por Agostinho.11
Juntamente com Taylor, Whitby "argumentava que as pessoas não mereciam corretamente o louvor ou a desaprovação, se as ações delas fossem desempenhadas por necessidade. Em outras palavras, se não fazemos livremente escolhas, como pode Deus corretamente recompensar ou punir-nos por nossas decisões?"12 A acusação dos arminianos da época (e de hoje também!) era de que os calvinistas acabam tornando Deus o autor do pecado, se é verdade que tudo o que acontece decorre de uma necessidade.
Foi para responder aos livros de Whitby (e o de alguns outros) que Edwards compôs o seu livro The Freedom of the Will.
Whitby tinha uma visão da vontade bem diferente da de Edwards:
A resposta de Edwards a Whitby baseada em Locke
Edwards tinha todas as respostas para combater Whitby com os argumentos já proporcionados por John Locke. A base filosófica e lógica da sua argumentação para refutar Whitby Locke já havia levantado antes dele. Edwards já tinha lido o Essay on Human Understanding, especialmente o da primeira edição, escrito por Locke. A impressão que essa obra lhe causou em sua adolescência foi muito marcante!
O significado de Liberdade em Locke
A idéia de liberdade é a "idéia de um poder em qualquer agente para fazer ou omitir qualquer ação específica de acordo com a determinação ou pensamento da mente pelo qual qualquer uma delas é preferida em relação à outra".15 A liberdade é sempre uma liberdade externa, o poder de fazer como alguém deseja.
Esta questão carrega consigo o absurdo dela tão manifestamente em si mesma que uma pessoa poderia, por meio disso, suficientemente ser convencido de que liberdade não diz respeito à vontade." O ser humano faz somente o que lhe agrada ou convém.
"O que determina a vontade?"
Locke responde:
Em ambas as edições ele responde: "O motivo que está diante dela". Mas na primeira edição, onde a vontade não tinha sido agudamente distinguida do desejo, foi o motivo objetivo, o bem, enquanto que agora é o motivo subjetivo, ou o desejo excitado pelo bem apresentado na mente. Esta distinção dependeu da nova concepção que Locke tinha adquirido da "perfeita distinção" da vontade do desejo, que ele diz, "não devem ser confundidas".18
"O que move o desejo?" Locke responde: "A alegria", "o que tem uma aptidão de produzir prazer em nós, é o que chamamos bem". Mas um bem deve ser colocado para excitar o desejo, ou ela nunca influenciará a ação. Um bem ausente, por exemplo, é menos eficaz do que algum desconforto presente."19
Resumo da disputa entre Edwards e Whitby
Cada ato da vontade é um ato de escolha e envolve alternativas. Entre a escolha de duas alternativas, a pergunta é a seguinte: O que determina a vontade a escolher um ao invés de outro? Os arminianos diziam que a vontade determina a si mesma. Edwards diziam que a vontade é determinada pelo motivo mais forte.
Thomas Chubb (1679-1747)
Thomas Chubb, um deísta e ariano inglês, teve treinamento informal em geografia, matemática e teologia, enquanto trabalhava como aprendiz na fabricação de luvas.
Ele começou sua fé na fase primitiva do Arminianismo, mas sempre tentou reconciliar Jeová com o conceito racionalista de um Ser Supremo. No entanto, ele se tornou e permaneceu um cristão deísta. Ele comparou abertamente a propagação do cristianismo primitivo com a difusão do metodismo em sua época, e, por meio disso, rejeitou as alegações de poder sobrenatural associados com a igreja primitiva. Ele defendeu uma espécie de cristianismo racionalista. Ele considerava a revelação, não como divina, mas como a obra de homens honestos que fizeram uma narrativa justa e fiel dos acontecimentos. Ele era dúbio a respeito de uma providência particular, portanto, da oração. Ele argumentava contra a profecia e milagre e cria na dignidade da natureza humana e no livre arbítrio.
Jonathan Edwards foi um dos maiores opositores de Chubb, no seu livro The Freedom of the Will, em 1754. Ali ele gastou cerca de 19 páginas para refutar a doutrina da vontade livre de Chubb. Chubb foi muito lido nos Estados Unidos em sua época.21
Em sua Freedom of the Will, Edwards atacou o conceito de Liberdade sustentado por Chubb, que afirmava que:
Edwards também atacou o seu deísmo porque ele o considerava perigoso para a fé cristã.24 Edwards estava muito preocupado com o deísmo vigente na Nova Inglaterra. Num sermão pregado em 1743 ele referiu-se "aos roubadores, piratas e deístas".25 Edwards dizia que a nação estava sendo atacada pelo Deísmo de homens como Chubb. Ele menciona que o Deísmo "está fazendo um espantoso progresso em nossa nação", de forma que "grande parte da nação tem se tornado deísta".26
Foi num ambiente teológico de controvérsias libertárias como essa que Edwards escreveu o seu livro Freedom of the Will. Se Edwards não reagisse a esse libertarismo de Taylor, Whitby e Chubb, o Calvinismo seria banido da Nova Inglaterra. Toda estrutura teológica Reformada cairia em colapso. O libertarismo estava tomando conta de muitos redutos outrora Calvinistas da Nova Inglaterra. Winslow colocou de forma correta o problema:
Edwards procura, com todas as suas forças, eliminar a noção arminiana de Vontade Livre, mas não elimina a liberdade no homem. Ele passa a discorrer a respeito de um tipo diferente de liberdade, estranho aos arraiais arminianos. Winslow escreve:
1 - Jonathan Edwards, The Works of Jonathan Edwards, vol. 1, p. 347.
2 - Robert W. Jenson, America's Theologian: A Recommendation of Jonathan Edwards (New York: Oxford University Press, 1988), 53-54.
3 - Smith, Shelton H. Changing Conceptions of Original Sin: A Study in American Theology Since 1750. New York: Charles Scribner's Sons, 1955), 11.
4 - Murray, Jonathan Edwards: A New Biography, 211.
5 - Jeremy Goring summarizes this treatise as a candid examination of «what we call today Original Guilt. The first two parts of the book, with their minute analysis of biblical texts and lengthy footnotes in Hebrew and Greek, are a monument of careful scholarship, but it is perhaps the third part, where the textual critic turns moral philosopher and holds up some of the tenets of Calvinism to the clear light of reason, that made the biggest and most lasting impressions on contemporary readers. ‹What can be more destructive of virtue,› he asks, ‹than to have a notion that you must, in some degree or other, be necessarily vicious?›» «Calvinism in Decline,» Hibbert Journal 60 (October 1961--July 1962): 206.
6 - John Taylor, The Scriptural Doctrine of Original Sin, quoted in Randall E. Otto, "The Solidarity of Mankind in Jonathan Edwards' Doctrine of Original Sin," Evangelical Quarterly 62 (1990): 206.
7 - David Weddle, «Jonathan Edwards on Men and Trees, And the Problem of Solidarity,» Harvard Theological Review 67 (1974): 158.
8 - Edwards writes, "God in each step of his proceeding with Adam, in relation to the covenant or constitution established with him, looked on his posterity as being one with him. And though he dealt more immediately with Adam, it yet was as the head of the whole body, and the root of the whole tree; and in his proceedings with him, he dealt with all the branches, as if they had been then existing in their root.
From which it will follow, that both guilt, or exposedness to punishment, and also depravity of heart, came upon Adam's posterity just as they came upon him, as much as if he and they had all coexisted, like a tree with many branches . . . I think, this will naturally follow on the supposition of there being a constituted oneness or identity of Adam and his posterity in this affair." Jonathan Edwards, Original Sin, ed. Clyde A. Holbrook (New Haven, CT: Yale University Press, 1970), 389-90.
9 - Citação de Giese, op. cit. 13.
10 - Citado por Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
11 - Smith, Shelton H. Changing Conceptions of Original Sin: A Study in American Theology Since 1750. New York: Charles Scribner's Sons, 1955), 11.
12 - Citação de Giese, op. cit. 14.
13 - Frank Hugh Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
14 - Frank Hugh Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
15 - Citado por Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
16 - Citado por Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
17 - Citado por Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
18 - Observações de Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
19 - Observações de Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
20 - Foster, A Genetic History of the New England Theology, 1907, encontrado no site http://www.gospeltruth.net/genetic_history.htm#preface
21 - Chubb foi muito prolífico em publicação, e seu deísmo ardente foi expresso nos títulos de algumas de suas poucas obras. : The Comparative Excellence and Obligation of Moral and Positive Duties (1730); A Discourse concerning Reason, With regard to Religion and Divine Revelation (1731); The Sufficiency of Reason in Matters of Religion Farther Considered (1732); The Equity and Reasonableness of the Divine Conduct, In Pardoning Sinners upon Their Repentence Exemplified (1737), que foi dirigida contra a famosa Analogy of Religion do Bispo Butler no ano seguite;; An Enquiry into the Ground and Foundation of Religion. Wherein Is shewn, that Religion Is founded in Nature (1740); e A Discourse on Miracles, Considered as Evidence to Prove the Divine Original of a Revelation (1741). Outras obras de chubb são: Four Tracts (1734) e Some Observations Offered to Publick Consideration…. In which the Credit of the History of the Old Testament Is Particularly Considered (1735).
Informações retiradas do site http://www.bookrags.com/research/chubb-thomas-16791747-eoph/.
22 - Gerald R. Mc Dermott, Jonathan Edwards Confronts the gods (Oxford University Press, 2000), 36. (ver Freedom of the Will, 69, 70-71, 235).
23 - Gerald R. Mc Dermott, Jonathan Edwards Confronts the gods (Oxford University Press, 2000), 36.
24 - Gerald R. Mc Dermott, Jonathan Edwards Confronts the gods (Oxford University Press, 2000), 37.
25 - Gerald R. Mc Dermott, Jonathan Edwards Confronts the gods (Oxford University Press, 2000), 38
26 - Gerald R. Mc Dermott, Jonathan Edwards Confronts the gods (Oxford University Press, 2000), 38 (Lecture on 2Peter 1.19, August 1737, Edwards papers 22-23.)
27 - Ola Elizabeth Winslow, Jonathan Edwards (MacMillan Co., 1940; repr., New York: Collier Books, 1961), 274.
28 - Ola Elizabeth Winslow, Jonathan Edwards (MacMillan Co., 1940; repr., New York: Collier Books, 1961), 275-76
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